quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Didilhar-te.


Teimo em virar a página 
Mas em tudo que eu escrevo
Vejo as palavras desenhadas e tortas 
Que teimam deitar no teu corpo branco, 
minha lousa. 

Teimo e escrevo nesse corpo-anjo
Em cada parte, partitura
Desenvolvo letra e música
Ritmo exato, me arrepio.

Eu sei de cór
Cada nota, um sinal, eu sei de cór 
De nota em nota, em sol maior
Desenho o riso que me beija.

Toco-te nota por nota
Dedilho cada história nossa
Que nesse corpo luz
Vai do blues ao samba.

Mergulho fundo no verde
É ali que pinto e bordo
No verde, escrevo e danço.


Clara Vieira.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Saudade

Na saudade o corpo padece
Saudade é pior que doença de corpo
Porque saudade é doença de corpo e alma
Doença de falta de corpo presente
Doença que enfraquece a alma.

Saudade desespera
É nesse desespero que se confirma o que
já sabe
E o que se sabe é que não se pode viver sem.

Saudade é a doença que dilacera
Falta o ar da falta do beijo
O corpo se cala(frio)
O peito dói, mas o abraço cura.

Saudade é doença que devora o corpo,
escorre nos olhos
Descolore a boca
Sufoca
A alma fica oca.

É a vontade da presença
Se engana quem diz que com saudade
se acostuma
Saudade só se cura no reencontro.


Clara Vieira.