quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Didilhar-te.


Teimo em virar a página 
Mas em tudo que eu escrevo
Vejo as palavras desenhadas e tortas 
Que teimam deitar no teu corpo branco, 
minha lousa. 

Teimo e escrevo nesse corpo-anjo
Em cada parte, partitura
Desenvolvo letra e música
Ritmo exato, me arrepio.

Eu sei de cór
Cada nota, um sinal, eu sei de cór 
De nota em nota, em sol maior
Desenho o riso que me beija.

Toco-te nota por nota
Dedilho cada história nossa
Que nesse corpo luz
Vai do blues ao samba.

Mergulho fundo no verde
É ali que pinto e bordo
No verde, escrevo e danço.


Clara Vieira.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Saudade

Na saudade o corpo padece
Saudade é pior que doença de corpo
Porque saudade é doença de corpo e alma
Doença de falta de corpo presente
Doença que enfraquece a alma.

Saudade desespera
É nesse desespero que se confirma o que
já sabe
E o que se sabe é que não se pode viver sem.

Saudade é a doença que dilacera
Falta o ar da falta do beijo
O corpo se cala(frio)
O peito dói, mas o abraço cura.

Saudade é doença que devora o corpo,
escorre nos olhos
Descolore a boca
Sufoca
A alma fica oca.

É a vontade da presença
Se engana quem diz que com saudade
se acostuma
Saudade só se cura no reencontro.


Clara Vieira.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dia do Palhaço.

"Hoje o dia já nasceu sorrindo
Hoje o dia nasceu criança
Que dia lindo, vai ser colorido!
O nariz vermelho transformando tudo em alegria
O adulto virou criança
A criança ficou mais bonita
A vida ganhou esperança
E nas pequenas coisas transbordaram poesia
O Palhaço que é médico da alma
Curou todas as feridas da vida
Se recolheu com maestria
Enquanto uma lágrima escorria
Mas o seu sorriso só crescia
E por onde ia, não importava o dia
Passava e só de passar, deixava a alegria."

Clara Vieira.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Tudo o que é bonito

Bonita é a inspiração que o teu amor me traz
Te faço arte, meu bonequinho
Te beijo amor, meu menino
Bonito é te amar nos sábados
Caber em ti, eu, tão pequena, tua pequena
Bonito é te fazer antigo, novo, te colorir presente
Amor, eu tô no som na vitrola
Amor, estás em tudo que eu vejo
Te entrego meu coração vermelho
feito o batom que eu borro em tua boca
Amor, meu amanhecer é teu
E o anoitecer também
Penduro em ti, tu que és guardião
do bem chamado "meu coração",
Minha constelação de sorrisos
E batimentos apressados
Te amo.

Clara Vieira.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Você que é tudo.

Você que tem todas as cores
Querubim nú que cultiva flores
Vermelho borrado em minha boca
Sambinha de Chico
Da boca seca, o molhado do beijo
Você que tem o cheiro que perfuma minha alma
Por onde me tocas, eu floreio
Você que é letra e música
Que traz no corpo o templo do desejo
Porque melhor que te ver, é te sentir
Sentir profundo, íntimo, inteiro
Você que é feito de aconchego
Me deixa viver dentro de ti?

Clara Vieira

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Amor.

Suspiro baixinho, com calma
Olhando teus olhos de estações de luz
Eu danço o exato ballet
dos raios cristais da tua pele.
Eu vivo donzela, ou posso ser um barco a vela
Só pra você navegar
Me transformo em lagoa pra você que é sapinho, brincar
Cometo uns pecados
Te faço mil afagos pra você ficar.
Me faço casa, de sala à quarto
lareira com brasa, pro teu corpo repousar
Me transformo em jardim, flor alecrim
Pra você, jardineiro, cuidar.
Me perco bonita na folia do meu carnaval
Só pra você que é o meu único folião me encontrar
Te dou o meu sorriso, o mais intimo
E te olhando, calada, eu digo "Eu te amo".

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Beijo (trava-língua)

Confesso que por não me confessar
Minha língua fica travada
Fica trava a língua
Treva, solidão

Travo a língua na tua boca.
Eu quero um trevo
Pra ver se atrevo
A destravar toda a palavra

Enrolada em tanto trava-língua
Tonta tô tentando te deixar
Mas o gosto da tua língua
Trava a língua minha

A fala cala, abala o desejo
Desse jeito, se demoras,
Eu te espero, eu te quero 
Tudo agora, vem na hora

E se eu te ligo, a língua solta
Não enrola, deita e rola
Destrava a língua e beija a boca
Deixa solta, nua na lua da tua boca.

Clara Vieira.